Afonso Costa criou as condições básicas para um Estado laico

“Parece que no entender d’alguns republicanos, para se ser bom cidadão da Republica Portugueza, … é obrigatoriamente indispensavel  ser anti-catholico, odiar os padres, que elles sejam bons ou maus, e hostilisar a egreja catholica, desacatando-a ainda no que ella tem de mais respeitavel e sagrado.

Não sabemos nem podemos atinar com as razões que os levam a pensar assim. mas  parece-nos poder affirmar que se illudem a si proprios os que julgam a religião catholica facilmente destrutivel e os que dizem ser preciso exterminal-a para a Republica prosperar.

O catholicismo esta fortemente arreigado n’uma consideravel maior parte da população portugueza, e o nosso povo que adora a religião dos seus antepassados com o respeito que elles lhe incutiram, que n’ella foi educado desde o berço, que aprendeu a cumprir desde a infancia e a exercer os actos de culto e piedade que a egreja ensina, com certeza não mudará de religião com a mesma facilidade com que muda de camisa.

Há ahi quem tenha a fantasia de dizer que o povo mudará depressa de região pela mesma razão com que muda de feição politica e que a questão está a acabar com os padres e as igrejas.”

“A Justiça” 22 de Setembro de 1911

Cláudia Fernandes